Ah, quem me dera ir-me
Contigo agora
Para um horizonte firme
(Comum, embora...)
Ah, quem me dera ir-me!
Ah, quem me dera amar-te
Sem mais ciúmes
De alguém em algum lugar
Que não presumes...
Ah, quem me dera amar-te!
Ah, quem me dera ver-te
Sempre a meu lado
Sem precisar dizer-te
Jamais: cuidado...
Ah, quem me dera ver-te!
Ah, quem me dera ter-te
Como um lugar
Plantado num chão verde
Para eu morar-te
Morar-te até morrer-te...
Vinicius de Moraes
Montevidéu, 01.11.1958
in Para viver um grande amor (crônicas e poemas)
_Um expresso com creme p'ra esperar os que vêm chegando, s.v.p....!
(«ai quem me dera ir-me...» suspirou ela enquanto mexia o seu cafézinho com um pauzinho de canela...!)
[Imagem: arquivo Vinicius de Moraes / Interferência: Clarisse Lourenço]