Sapatilhas
Eu tenho pena da bailarina
Que tanto se arrumou
Que tantou ensaiou
E o soldado de chumbo
Nem reparou ela dançar
Ela chegou em casa triste
E esse amor que ainda insiste
Em seu corpo dilacerar
Pobre bailarina
Menina
Criança.
Depositou esperanças
Aonde não havia mais.
E ela prende lembranças
Com os dedos alcança
Não as deixa para trás
Bailarina, heroína
Bailando coisas da vida
E toda essa arte maluca
De fingir que não machuca...
Foi tanta atuação
E a sua alma, ali, morrendo
A luz no seu coração
Esvanecendo, esvanecendo...
Agora tira, bailarina
Toda essa purpurina
Toda essa tinta, bonita
Que lhe embelezava a tez
Arranca esse vestido
Fingido
Que o sonho acabou
Pesadelo se tornou
Sua dança se desfez.
Eu nem queria lhe falar
Porque sei que dói demais
Mas pendure as sapatilhas
Pois não vai sapatilhar
Para o soldado jamais.
A magia terminou
O baile acabou
E a dança foi em vão.
E agora, bailarina
Não desatina.
Pendura as sapatilhas
Coloca os pés no chão.
Florence Guedes
3 comentários:
coitada da bailarina!
Bailarina, não se esqueça... ainda que penduradas as sapatilhas, uma nova dança sempre pode nascer em outros palcos... je t'aime!
Uma bailarina é sempre uma bailarina, ela carrega seus passos na alma, no coração...
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