Voltando ao café, depois de uma longa temporada de férias (?)... Estou eu sentada em minha habitual mesa do canto, sozinha, olhando pro chão, bebendo um café curto com canela e entra ela, ela assim sem avisar nem por pressentimento, senta barulhenta e sem nem parar para um suspiro (meu talvez), ela me diz assim:
_Olha que coisa mais linda.
(não, não era Garota de Ipanema!), e declama:
AR DE NOTURNO
Tenho muito medo
das folhas mortas,
medo dos prados
cheios de orvalho.
eu vou dormir;
se não me despertas,
deixarei a teu lado
meu coração frio.
O que é isso que soa
bem longe ?
Amor. O vento nas vidraças,
amor meu !
Pus em ti colares
com gemas de aurora.
Por que me abandonas
neste caminho ?
Se vais muito longe,
meu pássaro chora
e a verde vinha
não dará seu vinho.
O que é isso que soa
bem longe ?
Amor. O vento nas vidraças,
amor meu !
Nunca saberás,
esfinge de neve,
o muito que eu
haveria de te querer
essas madrugadas
quando chove
e no ramo seco
se desfaz o ninho.
O que é isso que soa
bem longe ?
Amor. O vento nas vidraças,
amor meu !
Garcia Lorca
E eu?... eu olho pro céu e deixo chover!
(E depois ela me diz que não sabe o por quê nem como eu gosto dela tanto assim...!)
_Dois Irish Coffee, por favor... e truffas para acompanhar!
12 janeiro 2008
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