26 maio 2008

Telas e cafés.

Bom, é a minha estréia aqui nesse café, então vou tentar postar alguma coisa bem alegre!
Ontem de manhã eu resolvi pintar. Não sou boa nisso, mas me divirto pintando, e isso já é o suficiente pra animar o meu dia inteiro! E, entre uma cor e outra na tela, eu fui rabiscando umas palavrinhas sobre o que eu estava fazendo...


Pintando o sete

Eu tinha uma tela
Nua
E crua.


Eu tinha uma tela
Pálida
Eu tinha uma idéia
Válida.
Eu tinha uma tela
Inanimada
Mas tinha uma idéia
Válida.


Eu usei um macacão azul
Que depois ficou colorido
Nos meus dedos, tantas cores
Assim como em meu sorriso...
Eu cantei por toda a manhã
Enquanto dava uma alma à tela
Era branca, era uma chance
E foi ficando, assim, tão bela

Eu tinha uma tela
Rosada
Eu tinha uma idéia
Usada
Eu tinha uma tela
Crescente
Eu tinha uma idéia
Na mente.

Eu fui fazendo cogumelos
E fiz uma clave de Sol
Fiz uma fada tocando
Flauta em um girassol
Aos poucos foi tudo ganhando
A vida que eu queria dar
Flores na tela dançando
E uma brisa leve a soprar

Eu não tinha mais uma tela
Sem vida
Eu tinha apenas poesia
Linda.
Eu não tinha mais uma tela
Sem graça
Eu tinha um lugar só meu
Minha praça

Eu fiz sabores e fiz sons
Fiz um céu que não tinha fim
E eu poderia jurar
Que aquela fada sorriu pra mim
Eu fiz um caminho no ar
De notas musicais
Fiz borboletas e libélulas
Círculos e espirais
Nessa manhã de domingo
Eu me senti um pivete
Foi sorrindo e cantando
Que eu pintei o sete.

Da tela branca
Eu fiz baluarte.
Eu tinha a vida,
Eu tinha a arte
nas mãos.


(Florence Guedes)


***

E, já que é de praxe
Pedir café por aqui
Quero o meu com biscoito
E coberto com chantilly!

25 maio 2008

ande sempre para o sol

Silenciosamente, o caminho parece mais longo, os passos ainda mais raros, o objetivo torna-se ainda mais atraente.

Há alimentos para o corpo em tudo que não se move, há alma nas árvores, há o espírito da luz. A imagem que se torna ao redor é a sua e o que se toma como segurança é o que o faz enfrentá-lo.Adoraria escutar o som das luzes, a voz dos roucos, a vibração do sol.

Faria de tudo para tremer meus pés junto à terra escura e úmida, a fim de impressionar meu corpo que estaria engendrado no tempo. Sustentaria o excitamento dos meus olhos ao tocar o que é real para eles e, imaginando o melhor, escolheria uma razão para encontrar meu amigo perdido.

...Ficariam lindos os céus, cujo as núvens se entrelaçam para dissolverem-se....Tornariam-se ainda mais atraentes as frases perfeitas, se não fossem ditas com tanta ansiedade.

Falta coragem para encarar a liberdade e sobram saltos para a descoberta de novos anseios. Como se experimentar o sal da sombra fosse o contrário de uma dúvida, onde há sempre uma expressão. Então, até quando os ouvidos permanecerão fechados para possíveis e doces realejos?

Somente um andar nupcial para o reencontro do seu corpo com o universo te fará chegar. Uma conexão alada, uns versos sem nada, fotografias armadas...assim será.

Ande sempre para o sol que engole teu sorriso e te leva ao luar, que promete segredos, que desdenha o pensar. Cruze suas pernas, saiba extamente onde está, deseje a paz sem sentido, mas sentindo...sinta o que for irreal, conclua o amor por você.

O sol é...dentro de...sempre com...perfeito para...encontre você.




_um café quase gelado, direto do cerrado.

24 maio 2008

Cantador e Bailarina

(todo samba, cada esquina)

Ela some, ele distância
Ela ama, ele ainda
‘inda que parece que finda
Ele pega a rua e vai
Ela pára no ponto e agonia
Em meio o trânsito da lua
Ela, bailarina em cada samba
Ele, cantador de toda esquina
Rodaram no salão sem melodia
Pegaram seus caminhos (sem guia)
E foram…, um lado e outro
Sonata em fuga, contraponto de Bar

Ela quer sambar pela noite
Virar os olhinhos que ele não vê
Ela quer fingir
Veja não
Sai por aí derramando a razão
De tanta insensatez
Ele vai se entregar num canto
Rir a emoção, ela não vai perceber
Ele quer partir
Ouve não
Entra por aqui espalhando a paixão
De tanto invés

Disseram que é delicada
Falaram que é um bom moço
Acharam que tinha um mote
Ensejo em cada retorno
Gente enganada de poesia
Ela vai pretender que não liga
Ele vai procurar distração
E todo mundo acredita
Que essa coisa de amor…, nada não
Ele é cantador, ela é bailarina
Ela baila cada esquina
Ele canta todo samba

(Ai se soubessem como se encontrar…)

Clarisse Lourenço

_Um café-moça, nesse dia frio, esse Dia Nacional do Café...!

["...ela desatinou... viu morrer alegrias, rasgar fantasias, os dias sem sol raiando... e ela inda está sambando..."]

13 maio 2008

Se as coisas fossem mães

Silvia Orthof

Se a lua fosse mãe, seria mãe das estrelas.
O céu seria sua casa, casa das estrelas belas.

Se a sereia fosse mãe, seria mãe dos peixinhos.
O mar seria um jardim e os barcos seus carrinhos.

Se a casa fosse mãe, seria a mãe das janelas.
Conversaria com a lua sobre as crianças estrelas

Falaria de receitas, pastéis de vento, quindins.
Emprestaria a cozinha pra lua fazer pudins !!!!

Se a terra fosse mãe, seria a mãe das sementes.
Pois mãe é tudo que abraça, acha graça e ama a gente.

Se uma fada fosse mãe, seria a mãe da alegria.
Toda mãe é um pouco fada...

Nossa mãe fada seria.
Se a bruxa fosse mãe, seria uma mãe gozada;

Seria a mãe das vassouras, da família vassourada.
Se a chaleira fosse mãe, seria a mãe da água fervida,

Faria chá e remédio para as doenças da vida.
Se a mesa fosse mãe, as filhas, sendo cadeiras,

Sentariam comportadas, teriam boas maneiras.
Cada mãe é diferente. Mãe verdadeira ou postiça,

Mãe vovó ou mãe titia,
Toda Mãe é como eu disse!

Dona Mamãe ralha e beija, erra, acerta, arruma a mesa,
Cozinha, escreve, trabalha fora,

Ri, esquece, lembra e chora,
Traz remédio e sobremesa...

Assim é a minha mãe !!!