17 agosto 2008

Ele foi, sem pensar no que ficou pra trás.
Tirou da gaveta velhas fotos desbotadas,
deixou espalhadas,
como aqueles rascunhos amassados
de uma dor que já passou…
Ficou no ar o eco de tantas palavras sem som,
do tanto que não foi dito,
como um zumbido irritante em meu ouvido,
um agudo tão constante…
Foi, e o tempo passa, passa
sem passar nada mais que me faça
passar essa falta que me faz
sentir suado em mim o perfume gasto,
o gesto desfeito, o defeito do traço
e um de repente perdido
no vazio do espaço,
nessas rimas óbvias, lugares tão comuns,
tão clichés como um fim de novela…
Foi, e deixou por fazer a cama,
a grama, a dança, a canção,
um risco na palma da minha mão…
Deixou um monte de versos soltos
que sozinha eu tento, eu tenho que juntar
por ele, uma árvore pra plantar,
um livro pra escrever por ele,
um filho pra ter, por ele
um sonho pra acordar, por ele
uma vida pra viver
e dele, a distância de uma vida…

(sem dele ter a paz de sorrir o amor ao meu lado)



_(mais um trago)
…e eu só queria que essa dor se desmanchasse no ar
como a fumaça espalhada nesse imenso vazio do nunca mais…

13 agosto 2008

A você,
que frequenta meus sonhos
me fazendo sonhar
e não mais querer acordar...
A Você,
que vive da noite,
traz alegria às pessoas a sua volta,
Sua música é sua paixão
Tem nome de anjo
mas me enfeitiça com seu som...
É a fonte da minha inspiração
É a poesia mais bela
O presente mais quisto
O sorriso mais desejado
O desejo mais contido
O abraço mais apertado
As mãos mais carinhosas
O beijo mais esperado
A vida em liberdade
É o pássaro que voa
em busca de coisas novas
Mas sempre volta
Com aquele mesmo olhar
Com aquele mesmo jeitinho
Querendo um pouco de carinho
É Você a pessoa que quero ao meu lado
É com você que quero acordar
e abraçado com você dormir
Você me dá coragem
para superar todos os obstáculos
Enfrentar os desafios
Em você me fortaleço
E cada momento juntos me revigora
Me mantém viva
Me fazendo mulher
Mas mantendo a menina
A menina doce,
inocente,
pura,
apaixonada,
apaixonada por mim,
Por ti
e pela vida!

09 agosto 2008

Sapatilhas

Sapatilhas

Eu tenho pena da bailarina
Que tanto se arrumou
Que tantou ensaiou
E o soldado de chumbo
Nem reparou ela dançar
Ela chegou em casa triste
E esse amor que ainda insiste
Em seu corpo dilacerar
Pobre bailarina
Menina
Criança.
Depositou esperanças
Aonde não havia mais.
E ela prende lembranças
Com os dedos alcança
Não as deixa para trás
Bailarina, heroína
Bailando coisas da vida
E toda essa arte maluca
De fingir que não machuca...
Foi tanta atuação
E a sua alma, ali, morrendo
A luz no seu coração
Esvanecendo, esvanecendo...
Agora tira, bailarina
Toda essa purpurina
Toda essa tinta, bonita
Que lhe embelezava a tez
Arranca esse vestido
Fingido
Que o sonho acabou
Pesadelo se tornou
Sua dança se desfez.
Eu nem queria lhe falar
Porque sei que dói demais
Mas pendure as sapatilhas
Pois não vai sapatilhar
Para o soldado jamais.
A magia terminou
O baile acabou
E a dança foi em vão.
E agora, bailarina
Não desatina.
Pendura as sapatilhas
Coloca os pés no chão.

Florence Guedes