19 abril 2008

Desacato

Desacata a minha voz
Um nó em nós
Impulso desmedido de uma dor
Que me passa na pele cansada
Ao pé do ouvido, escondido
Sussurros
Esse rascunho sempre inacabado
Presente mal comprado
Pela palma da mão
Um ponto final e depois mais dois
Direção de atalhos cortados
Retalhos sem costura
Desmesura
Mistura isto naquilo
Que é tão triste
Por que é tão lindo
Retro-sonho
Anacrônico
Inventa um caminho
Pra continuar
No chão das memórias futuras
Aquilo que não se viveu
Desacata a minha vida…


Clarisse Lourenço
(ao poeta sem palavras)

Um comentário:

Anônimo disse...

Querida Clarisse,
O Desacato é um ato de silêncio que corta como lâmina aguda, pois ao desacatarmos, por vezes, desacatamos a nós mesmos, pois não conseguimos acatar as limitações, sempre inerentes ao nossos "eus". Prefiro pensar numa outra semântica do desacato, que é o deslumbramento de alçar vôos libertos num mar de "potensibilidades" que pulsam dentro de nós. É como se convivêssemos sempre com Nix e o Caos, e deles tivéssemos sempre de tirar o sopro divino dessa vida humana que nos habita...
Ósculos e Amplexos
do Rodrigo